quarta-feira, 13 de março de 2013

GOLPE PELO FACEBOOK


ZERO HORA 13 de março de 2013 | N° 17370

Falso galã enganava viúvas em rede social. Morador de Esteio é suspeito de causar prejuízos a mulheres de outros Estados



Ao cumprir buscas em duas casas em Esteio, na segunda-feira, os policiais da cidade acreditam ter desarticulado uma quadrilha que causou um prejuízo de mais de R$ 200 mil a mulheres de todo o país. O Galã do Facebook, que fazia promessas de namoro e casamento a mulheres, está sendo procurado. Ele é morador da cidade da Região Metropolitana.

Em 2012, o delegado Leonel Baldasso recebeu um telefone de um outro policial, do Paraná. O homem estava preocupado com depósitos que uma conhecida vinha fazendo todos os meses em uma conta bancária de Esteio. Meses depois, Baldasso recebeu um pedido da Justiça paulista para investigar outras transferências bancárias, feitas numa conta do município.

Por coincidência, as vítimas faziam os depósitos a pedido de um homem que haviam conhecido em sites de namoro: Helquer Fernando Rodrigues. Com o nome falso e usando a foto de um modelo, ele se apresentava como empresário, na faixa dos 40 anos, e seduzia as vítimas – em geral mulheres acima dos 40 anos, viúvas ou separadas. Declarando-se apaixonado e com a intenção de se casar, ele as iludia e pedia dinheiro. Por vezes, afirmava estar viajando para encontrá-las, mas havia ficado na estrada e precisava de um pequeno empréstimo para o conserto do carro. E era aí que as mulheres perdiam grandes quantias.

Golpista ameaçava publicar montagens pornográficas

Com uma conversa envolvente, o golpista conseguiu R$ 100 mil de uma mulher do Rio. De outra, em São Paulo, tomou R$ 16 mil. Segundo o delegado, a vítima do Paraná ainda não soube precisar quanto entregou ao criminosos. A estimativa é de que, somadas, as quantias ultrapassem R$ 200 mil.

Baldasso pediu a quebra de sigilo das contas bancária e passou a rastrear os titulares. Três pessoas, correntistas de três diferentes bancos, recebiam depósitos que eram repassados para outro morador da cidade, um homem de 41 anos, apontado pela Polícia Civil como o mentor do golpe.

– Ele era o cérebro da quadrilha e usava as outras três pessoas como laranjas. Em troca, os presenteava com roupas. Mas ele gastou o dinheiro em viagens, festas, em jogo clandestino. Estava devendo – contou o delegado.

Com os nomes dos laranjas, a polícia chegou a dois endereços. Nas residências, o delegado encontrou comprovantes de depósitos, de viagens, cinco computadores e outros documentos. O estelionatário não foi encontrado nas casas, que ficam na Vila Osório e no centro de Esteio. Baldasso acredita que ele pode se apresentar amanhã para prestar esclarecimentos:

– Mesmo assim vou pedir a prisão preventiva do homem.

Segundo o delegado, quando as vítimas se davam conta do golpe e suspendiam os depósitos, ele passava a ameaçá-las, dizendo que faria montagens pornográficas com fotos delas e espalharia pelas redes sociais. Por isso, além do estelionato e da formação de quadrilha, o Galã do Facebook vai responder também por extorsão. Por se tratar de um caso envolvendo nomes falsos e porque o mandado de prisão ainda não foi expedido, ZH não publica o nome do suspeito, até ser confirmado pela Justiça.

CAROLINA ROCHA

sábado, 9 de março de 2013

GOLPE DO BILHETE

09 de março de 2013 | N° 17366

AÇÃO EM NOVE ESTADOS. Presos suspeito de golpe do bilhete


Preso enquanto dormia na casa da ex-mulher, no bairro Minuano, em Viamão, na madrugada de ontem, Davi Brás Rosa Plá, 46 anos, era investigado pela 2ª Delegacia da Polícia Civil de Gravataí por estelionato. Ele seria alvo da polícia em pelo menos outros oito Estados, pelos mais diversos tipos de golpes. Por aqui, teria aplicado o conto do bilhete premiado.

Quando abordado pelos agentes, ontem, ele tentou sua última cartada. Apresentou-se com outro nome e até mostrou a identidade. Acabou autuado em flagrante por uso de documentos falsos. Agora, a expectativa da polícia é de que vítimas o reconheçam e aumentem a lista de acusações contra Plá.

A apuração na delegacia de Gravataí começou no mês passado, quando uma ocorrência registrada em Arroio do Sal, no Litoral Norte, chegou à 2ª DP. A filha de uma idosa de 68 anos registrou que a mãe havia sido vítima do velho golpe do bilhete premiado. Sacou, em uma agência da Caixa Federal de Gravataí, R$ 13 mil e os repassou ao suspeito, que sumiu.

– Ele teve sua imagem gravada pelas câmeras do banco. Então, começamos a cruzar informações e chegamos ao suspeito – aponta o delegado Anderson Spier.

De acordo com Spier, Plá sempre acompanhava suas vítimas até o banco. Esperava do lado de fora, julgando que não seria notado. Mas o golpe do bilhete era só um em uma lista. Pelo menos desde 2004, ele era suspeito, com diferentes nomes, de golpes como a venda de produtos que nunca existiram, uso indevido de CPF e falsificação de documentos. Naquele ano, foi preso na Bahia.

domingo, 3 de março de 2013

A QUEDA, MORTE E RESSURREIÇÃO DE UM ÍDOLO 171

ZERO HORA 03 de março de 2013 | N° 17360

FIM DE CARREIRA. Morte e ressurreição do ídolo

Sady Baby chegou a virar lenda morta, para os fãs. Segundo vários sites, Sady teria morrido em 16 de agosto de 2008 ao saltar de uma ponte do Rio Uruguai, perto de onde nasceu, desgostoso com investigações que a Polícia Federal fazia sobre ele. É que, após recrutar atrizes, transar com elas na frente das câmeras, fazer roteiros em que vira astro principal e dirigir seus próprios filmes, Sady teve uma ideia que acabou com sua carreira: colocou uma de suas próprias filhas, de 17 anos (já emancipada), a fazer um filme pornô. O filme foi apreendido pela PF antes de ser lançado, mas aí Sady já respondia a inquérito por corrupção de menor. Desempregado e endividado, teria decidido acabar com o próprio sofrimento.

Quem jurou que Sady tinha se matado era uma de suas ex-mulheres e também ex-atriz de filmes pornôs, Inglid Becker Luto, em texto colocado no Orkut em 22 de agosto de 2008. A descrição da morte do cineasta foi dada por ela em detalhes chorosos:

“Caminhamos, andamos de carona mais de 20 dias juntos, em torno de mil quilômetros, até a ponte do Rio Uruguai (limite de Chapecó, Santa Catarina, e Nonoai). Durante toda estrada tentei tirar da cabeça dele que isso era uma loucura, mas não adiantou, ele quis dar o fim na vida... A maior tristeza foi quando as autoridades não acreditaram que ele podia fazer o filme com a emancipação das meninas. Então ele preferiu ir. A ponte tem uns 20 metros de altura e mais uns 50 de profundidade ou mais, não sei e o Sady não sabia nadar... Quando ele estava se afogando, ele me abanou. Depois a correnteza o levou”, descreve Inglid, na postagem.

O post virou viral entre admiradores do cinema pornô brasileiro. Afinal, Sady fez alguns clássicos do gênero, como O ônibus da Suruba (descrito por um crítico como “um road movie erótico caboclo”), Cresce na Boca, Paraíso da Sacanagem e Soltando a Franga, entre outros. Chegou a ser processado, no Rio Grande do Sul, por um ator pornô que o acusava de não pagar pelo serviço.

Mas Sady, agora se sabe, estava vivo, como admitiu informalmente aos policiais rodoviários federais que o prenderam. Vivo e de peruca, como os patrulheiros descobriram, ao mexer no seu cabelo. Recobrado do susto da prisão, já na Delegacia da Polícia Civil de São Marcos, preferiu ficar em silêncio e disse à delegada Marinês Trevisan que só falará em juízo. Ela vai investigar se ele simulou a própria morte.

A prisão não chegou a espantar quem conhece Sady, como o jornalista paulistano Gio Mendes, pesquisador da Boca do Lixo. E, sim, o fato de Sady ter reaparecido no mundo dos vivos, ainda que não de forma triunfal.

– A queda de um mito – resume Gio.


O cineasta de 6 mil mulheres

Diretor famoso por produções pornô foi preso no RS, suspeito de aplicar golpes em três Estados e de simular a própria morte



Amarga uma temporada atrás das grades da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul, desde segunda-feira, uma lenda do submundo pornô brasileiro, o cineasta gaúcho Sady Plauth, conhecido pelos fãs como Sady Baby. Mais que a prisão, o que surpreendeu seus admiradores é o fato desse ator de cabelos encaracolados (muitas vezes confundido com o cantor Ovelha) estar vivo.

Sim! É que desde 2008 correntes de mensagens e sites anunciam que Sady, famoso diretor da Boca do Lixo paulistana, se suicidou saltando de uma ponte do Rio Uruguai, na divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Perto de onde nasceu há 59 anos, em Itatiba do Sul, antigo distrito de Erechim.

Mas Sady está vivo, comemoram os fãs, em mensagens variadas no Facebook. E bem vivo, diriam seus muitos desafetos. A começar pelas pessoas que o acusam de estelionato. O cineasta foi preso em flagrante após passar um cheque sem fundos numa tenda de produtos coloniais na estrada Caxias do Sul-São Marcos (BR-116), segunda-feira. A comerciante Terezinha Menegon disse que o condutor de um Meriva e sua mulher compraram sucos de uva, uma cesta de palha cheia de geleia, pepinos e produtos coloniais, no valor de R$ 247, e fugiram ao ter solicitada a identidade.

Avisados, policiais rodoviários federais pegaram uma descrição do Meriva conduzido pelo ator e fizeram uma barreira na entrada de Caxias do Sul. Deu certo. Ao abordar o fugitivo, ele apresentou o nome de Alaor dos Santos, de Marau. Desconfiados, os policiais ligaram para colegas da Polícia Civil daquela cidade gaúcha e descobriram que Alaor é uma vítima: teve seus documentos e cheques usados por Sady Baby. O cineasta teria adquirido documentos falsos em nome de Alaor, em São Paulo. E, com eles, aberto contas nos bancos Banrisul, Santander e do Brasil. O caso resultou num mandado de prisão por estelionato contra Sady, expedido pela 1ª Vara Criminal de Caçador (SC) e inquéritos por estelionato em cidades gaúchas como Marau, Coxilha, Passo Fundo e São Marcos, além de Cascavel (PR).

– E quem é Sady Baby? – perguntou o policial Gerson Galli, que prendeu o cineasta.

Um colega mais velho lembrava vagamente desse nome. Consultou a internet e...bingo! Antes da fama de estelionatário, Sady Baby era uma lenda viva da pornografia brasileira.

Os policiais ficaram sabendo que mulheres são a vida, o ganha-pão e a perdição de Sady Baby. Em 2008, já foragido, ele concedeu entrevista a uma revista de São Paulo especializada em cinema underground, a Zingu. Questionado sobre quantas relações sexuais teve na vida, não vacilou:

– Ah. Eu vou completar um número redondo no final do ano. Tenho uma média de transar duas ou três vezes por semana, com mulheres diferentes. Então, 12 por mês, 144 por ano, vai dar umas 6 mil, esse é o meu limite. Depois, o que vier é lucro...sei lá, eu gosto.

Briga na TV e dúvida sobre a paternidade

Gosta tanto que virou um dos mais famosos cineastas pornô do Brasil, ao lado do também famoso David Cardoso, seu ídolo. E como o ídolo, ele gosta de exercer o papel principal nos seus filmes, com transas reais.

E qual seu tipo de mulher?

– Todas – resume, na entrevista. – Mas prefiro maior que eu. Eu sempre gostei de mulher maior que eu. Eu tenho uma frase: “de pequeno chega eu e o meu ordenado” – declarou, rindo, o ídolo da pornochanchada.

A semelhança com o cantor Ovelha – a quem Sady apelidou de O Clone – rendeu uma briga entre os dois, que foi parar na TV. No programa Superpop, apresentado por Luciana Gimenez na RedeTV, a atual mulher de Sady, a gaúcha Patrícia Inglês da Silva (a mesma presa com ele pelo estelionato aplicado em São Marcos), deu entrevista dizendo que não sabia se o filho de dois anos que ela tinha era de Ovelha ou de Sady. Isso foi em 2005, e a discussão rendeu vários programas.

– Quem será o pai do Ovelhinha? – perguntava Luciana.

A dúvida veio com um exame de DNA, cujo resultado foi revelado no programa: a criança era mesmo filha de Sady. Que decidiu ficar com Patrícia, desde então. Os dois acabaram presos, juntos, em Caxias esta semana. Devem ser transferidos para Caçador.

HUMBERTO TREZZI

Contraponto. O que diz Carlos Castilho, nomeado defensor de Sady Baby durante a prisão - “Atuei como defensor dele apenas no momento da prisão em flagrante. Aconselhei o Sady a não falar nada e só se pronunciar na fase judicial, já que é de outro Estado e não sabemos detalhes das acusações contra ele. Ele responde a inquéritos nas polícias Civil e Federal”.





sexta-feira, 1 de março de 2013

ESQUEMA SONEGA R$ 150 MILHÕES DE ICMS


ZERO HORA 01 de março de 2013 | N° 17358

LUXO CONFISCADO

Advogado é suspeito de sonegar R$ 150 milhões. 
Luis Adriano Vargas Buchor foi preso e apontado pelo MP como mentor de um esquema fraudulento


Uma operação integrada do Ministério Público com a Receita Estadual, intitulada Crédito Fantasma, descobriu um grupo especializado em fraudar documentos que gerariam falsos créditos a empresas. Isto permitia isenção de tributos e abatimentos no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O advogado Luis Adriano Vargas Buchor está preso preventivamente, denunciado pelo MP por esquema fraudulento.

O golpe chegaria a R$ 150 milhões, o equivalente a mais de quatro vezes a estimativa do valor de ICMS repassado pelo Estado à prefeitura de Porto Alegre, em fevereiro. Cerca de 30 empresas, instaladas na Capital, em Canoas e na Serra, teriam se beneficiado do suposto esquema. Até agora, foram identificados débitos de sete empresas, que somariam R$ 39 milhões.

– É a maior fraude descoberta pela Receita Estadual nos últimos 20 anos – calcula o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira.

Dono da empresa Economia Consultoria Tributária, na Capital, Buchor era investigado desde 2012 pela Promotoria de Combate aos Crimes Tributários, ao lado do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de agentes da Receita Estadual. O advogado induziria as empresas a constituírem créditos de ICMS inexistentes, com falsificação de assinaturas e de carimbos de fiscais da Receita Estadual, forjando despachos judiciais e pareceres do Ministério Público.

A prisão de Buchor foi decretada pelo juiz Mauro Caum Gonçalves, da 2ª Vara Criminal de Porto Alegre, por ser apontado como organizador da fraude, que envolveria ainda outros nove suspeitos entre sócios, parentes e laranjas. O grupo foi denunciado pelos promotores Fabiano Dallazen e Aureo Gil Braga, da Promotoria de Combate aos Crimes Tributários, por falsificação de documentos, falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Caso seja condenado, Buchor pode pegar até 12 anos de prisão.

A Justiça também decretou o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras e sequestros de bens. Ele será ouvido ao depor à Justiça. ZH procurou advogados indicados pelo MP como seus defensores, mas eles não estão mais no caso.

JOSÉ LUÍS COSTA


Bens apreendidos

Foram confiscados cinco veículos de Luis Adriano Vargas Buchor, incluindo dois Porsche, um Maserati e uma Mercedes, além de uma lancha em uma marina de Jurerê Internacional, em Florianópolis. O barco valeria R$ 5 milhões. O advogado teria, ainda, três apartamentos de alto padrão, incluindo uma cobertura em Jurerê, outro imóvel no bairro Moinhos de Vento, na Capital, um sítio e três salas comerciais avaliadas em R$ 10 milhões.


ZERO HORA 02 de março de 2013 | N° 17359

LUXO CONFISCADO. Advogado de tributarista nega fraude

Defensor do advogado tributarista Luís Adriano Vargas Buchor, preso preventivamente, o advogado Antônio Dionísio Lopes questionou ontem as acusações feitas pelo Ministério Público. Buchor é suspeito de organizar um esquema de sonegação de ICMS que lesaria o Estado em R$ 150 milhões. Lopes afirma que o tributarista presta assessoria técnica há mais de 20 anos, com base no Código Tributário Nacional e na Constituição Federal.

– O trabalho dele, como de outros consultores, é orientar empresas a pagar menos imposto, sempre dentro das regras legais – garante.

Conforme Lopes, todos os lançamentos contábeis estão registrados ao alcance dos fiscais da Receita Estadual, o que demonstraria que Buchor não atuava de forma a fraudar documentos. Para o advogado, se algo de errado ocorreu, não teve a participação de Buchor.

– Se havia outras coisas na contabilidade das empresas, eu não posso responder – acrescentou Lopes.

Buchor foi recolhido ao Presídio Central de Porto Alegre. Ontem, deveria ser transferido para uma cela especial – por ter formação superior. O destino seria um alojamento no 4º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar, na Capital. Até o final da tarde, a remoção não tinha acontecido porque não existiria vaga.

Buchor era investigado desde meados de 2012 pela Promotoria de Combate aos Crimes Tributários em parceria com o Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e com agentes da Receita Estadual. Cerca de 30 empresas instaladas na Capital, em Canoas e na Serra, de diversos setores, teriam se beneficiado do suposto esquema.

Até agora, foram identificados débitos de sete empresas, que somariam R$ 39 milhões.